Por: Susi Tesch
Foto: Arquivo Gaúcha ZH
O grupo do Facebook, sobreviventes 80/90 Poa ganhou grande destaque com essa pandemia, durante a quarentena, mais de seis mil pessoas ingressaram ao grupo . O grupo é dedicado para quem frequentou a Osvaldo Aranha nas décadas de 80 e 90. Os famosos bares como Bar Ocidente, Bar do João, Bar Fim, Bar Lola, Lancheria do Parque e Escaler. Bares que marcaram época no bairro Bom Fim, em Porto Alegre.
No grupo além de postagens que remetem sobre coisas das décadas de 80 e 90, o grupo vem organizando Lives, oficinas, para arrecadar e ajudar famílias carentes.
Conversamos com a equipe responsável pelo grupo:
Quem são as pessoas ou a pessoa que organiza o grupo?
Castor: O grupo é uma democracia social sem presidente. Todos os administradores conversam e decidem as ações do grupo. Hoje em dia tem, pelos mais antigos aos mais novos: Castor Daudt, Kenny Keating, Pedro Loss, Fabi CPont, Lisane Zorg, Paulinha Dias, Liege Massi. Inclusive, uma característica interessante do grupo, é que metade dos membros é do sexo feminino. Temos uma igualdade inédita, porque geralmente estes grupos tem a maioria de homens. Na administração, a maioria é mulher. Isso é um diferencial importante, porque estamos bem atentos às questões de machismo, misoginia, etc. Fascista não se cria no grupo…
Como surgiu a ideia das Lives e das oficinas?
Castor: A ideia das ações do grupo foi natural e espontânea. Principalmente pela necessidade de arrecadar doações para instituições e pessoas necessitadas, por causa do isolamento social da pandemia, e prover entretenimento e capacitação para as pessoas isoladas em casa. Unindo o útil ao agradável.
Como foi que o grupo cresceu tanto durante a pandemia?
Castor: Com a pandemia e o isolamento, os membros mais antigos decidiram convidar em massa. Fizemos campanha de convite. E, em poucos dias, o grupo cresceu de 500 membros para 6000. Foi uma surpresa.
Claro que isso gerou muita confusão, pois muitas pessoas não estavam na mesma sintonia que a maioria. Muitos bolsonaristas, racistas, machistas, fascistas e aquele tipo de cidadão brasileiro que saiu do armário e se revelou como realmente é, como pensa. Mas aos poucos fomos ajustando.
Agora está praticamente estabilizado em 6200 membros. Cada novo membro é analisado com cuidado. Já conseguimos arrecadar bastante coisa, tanto cestas básicas, como materiais e até dinheiro para artistas, pessoas e instituições . É um trabalho de formiguinha, sem remuneração, mas compensa quando a gente vê pessoas, que estavam passando por dificuldades na quarentena, ficarem mais aliviadas. Para nós, administradores, é um trabalho 24h, 7 dias por semana.Vamos ver até quando a gente aguenta. Tomara que dure muito!
O grupo teve um crescimento enorme durante a pandemia. Como é manter o grupo sobre controle através de mediações?
Paulinha: O grupo cresceu absurdamente. Trabalhamos duro 24hs por dia na programação de atividades e também fazendo a limpeza de algumas postagens e mediação no comentários são quase 7000 pessoas uma média de 1000 para cada administrador. Mesmo com toda atenção as vezes escapam coisas que não deveria ter sido postadas. E deletadas para que não se torne uma grande fogueira.
Qual a postagem mais polêmica do grupo até agora?
Paulinha: Tiveram algumas pessoas que resolveram se libertar de segredos envolvendo pessoas conhecidas. Em forma de desabafo mas que, no final das contas tem a finalidade de acabar com a figura pública. Não podemos resolver essas coisas, questões de família, namorados. Acho que a tentativa de destruir uma imagem de pessoas e ou artista não é legal, me incomoda ler essas coisas. Já apaguei a postagem. Não costumo fazer isso mas pensando daqui uma hora. Daqui 5 horas . Daqui 1 dia o resultado de um post desses pode tomar uma enorme polêmica e proporção. Estamos resgatando memórias e não resolvendo vidas. Apesar do foco nesse momento seja ajudar ao próximo seja com uma música, lembrança e doações.
Rola muito spam no grupo?
Paulinha: Olha, já nas boas vindas dos novos membros eu deixo uma orientação para que respeitem a temática do grupo. Que os posts sejam mais autorais e menos repost de bobagens atuais. Gosto das histórias e da originalidade ao contar. Amo isso dou muito risada. Alguns entram já querendo interagir logo. Tem as postagens antigas que são ótimas, peço que as olhem também.
“Para mim a melhor coisa da máquina do tempo é sair do atual”
(Paulinha Dias)
Nos conte sobre o Bate Papo sobre machismos?
Lisane: O Bate Papo sobre machismos é discutir, refletir e promover a descontração dos scripts de gênero, em especial aqueles destinados às mulheres. Foi constituído um grupo de articulação, democraticamente e a cada evento mulheres podem se inscrever e participar. Homens podem assistir e fazer perguntas durante a live mas o lugar de fala é das mulheres.
Fala um pouco sobre o sarau?
Lisane: São subprojetos do grupo composto por 32 pessoas, por enquanto, são Grupo de Leitura em zoom, Sarau e a publicação de uma revista eletrônica para compartilhamento de palavras e sentidos da pandemia.
Como funciona o trabalho de arrecadação para estás instituições?
Lisane: Indicamos um local de coleta para itens de vestuário, higiene e alimentos não perecíveis ou a conta bancária da própria instituição. Não recebemos nada.
Qual foi a primeira live? Da onde é quem surgiu a ideia?
Fabi: A ideia da live surgiu no grupo, em reunião dos administradores. A primeira live com Tiago Horácios, no repertórios músicas próprias e clássicos do rock gaúcho anos 80 e 90, com arrecadações para aldeia indígena.