Lilian Knapp iniciou sua carreira de cantora aos 16 anos, formando dupla com Leno. Ela era uma das estrelas da Jovem Guarda, movimento cultural de enorme sucesso nos anos 1960, do qual faziam parte Erasmo e Roberto Carlos. Nos anos 1980, Lilian seguiu carreira solo e, com essa trajetória, passou a ter dois grupos de fãs: um da primeira fase e outro, da segunda, quando gravou o sucesso Sou Rebelde, de Paulo Coelho.
Mas hoje, aos 74 anos, é que sua “rebeldia” está mais evidente. Paralelamente à carreira solo, ela faz parte da banda de rock independente Kynna Underground, criada em 2008, ao lado de Luís Carlini, na guitarra, e Kdu Nolla, na bateria.
A banda é totalmente diferente de tudo que Lilian já havia feito. Eles gravaram, por exemplo, Um Lugar do Caralho, do músico gaúcho Júpiter Maçã. “O público da Jovem Guarda se chocaria com os palavrões”, diz ela. O álbum da banda, Underground, tem duas faixas autorais e 10 de releituras de bandas do rock gaúcho, entre elas, Miss Lexotan 6mg, também de Júpiter Maçã. “Eu sou Miss Lexotan, me identifiquei perfeitamente com a música em vários momentos.”
Em um dos shows da banda em São Paulo, quando divulgavam o disco, Lilian foi surpreendida pelo interesse de fãs bem jovens. “A casa era de dois andares, as pessoas passavam pelo nosso andar para comprar cerveja e ficavam ouvindo a gente.” Foi uma experiência nova para a cantora, pois, quando estreou nos palcos na época da Jovem Guarda, ela já era famosa. “Eu não tinha receio de entrar no palco, pois sabia que estavam me esperando”, conta. Com a Kynna, ela se apresenta sem ser conhecida. “Ser aceita nesse meio underground é mais legal ainda”, diz Lilian. A única música antiga de sucesso que tocaram naquela noite foi Pobre Menina, que já virou cult. “Tenho muitos fãs jovens que vieram por causa dos pais”, diz ela.
Mesmo com o entusiasmo por ter novos fãs, Lilian conta que foi o público da Jovem Guarda, que envelheceu com ela, que não a abandonou durante os piores momentos da pandemia. “Se não fosse por eles, não sei o que teria sido da minha vida.” Foram praticamente três anos participando só de alguns shows virtuais. Mas ela aproveitou para escrever dois livros e vender CDs e camisetas para seus admiradores. “Passei muito bem esse período graças aos fãs”, reconhece. Lilian diz que o rock mantém seu espírito jovem. “O complicado de ficar jovem por muito tempo é que você vai envelhecendo e o corpo não acompanha a sua cabeça.”
Confira a entrevista completa com a Lilian Knapp